O bom humor



O bom humor
Humorismo tem limites? Coibir o uso de certos termos, diminui o preconceito a longo prazo? As palavras constroem sentimentos como preconceito? O riso, como conceituou Freud, é sádico?
As piadas são usadas entre pessoas de todas as classes e credos. Elas são uma forma universal de comunicação e compartilhamento de opiniões. É a sociedade que define suas causas e incitações. O humorismo portanto, reflete o pensamento das sociedades, mesmo os preconceituosos ou baixos, e os sintomas de suas mazelas. 
O humor não é feito para atacar indivíduos, mas para satirizar comportamentos humanos. Como dizia Chico Anysio: “o humor só existe em países com problemas. Como humorista tenho o dever de denunciá-los.” Isso ocorre, por exemplo, quando Chris Rock, humorista negro norte americano, diz que os culpados pelo preconceito contra os negros do país são eles mesmos, que compram carros caros e jóias chamativas para se afirmar, e criam seu estereótipo. Com isso o humorista chama atenção para um problema social e incita uma mudança comportamental através do riso.
A risada parte do preconceito das pessoas. O humor só existe quando há conceitos, ou pré-conceitos compartilhados entre o público e o humorista. A risada define aquilo que o coletivo acha ridículo, ou motivo de chacota. Por isso, o limite do humor é aquele imposto pela consciência coletiva. Embora acredita-se que as palavras constroem sentimentos preconceituosos, a verdade é que elas são reflexo da discriminação incrustada na sociedade e o humor é uma manifestação desses pensamentos.
A medida do humor é a risada. As pessoas riram quando Danilo Gentili comparou as doações de leite de Michele Maximino - que salvam vidas de bebês prematuros em Pernambuco - com a atuação do ator pornô Kid Bengala. Aqui, o humor foi usado para tornar um ato nobre motivo de vexame. Mas a gargalhada reflete um pensamento da sociedade, e é o aviso de que algo está deturpado no pensamento coletivo.
A comunidade que determina o humor que é usado em seu meio. O preconceito é revelado através das palavras e não causado por elas. Portanto, só a sociedade determina os limites para as piadas e é através do riso que ela faz isso. Pois é através da risada de escárnio, utilizada para denunciar atitudes malvistas, que os indivíduos estimulam mudanças no comportamento coletivo.




Um amigo meu, todo orgulhoso, e com muita razão, me mostrou esse belo texto, escrito por sua filha, Bruna Araújo. Bruna, com seus 18 anos, mostra nesse texto uma visão bastante equilibrada de questões que estão muito em evidência ultimamente: Pode-se fazer piada com tudo? Os humoristas estão exagerando? Deve-se proibir certo tipo de humor? Existem critérios para um humor de qualidade? Quais são esses critérios? 
Esse texto me fez pensar. Existe humor sem exagero? Sem se aumentar ou diminuir as características negativas ou positivas de uma pessoa, grupo ou acontecimento? Existe humor sem um pouco de maldade? Sem que alguém pague um preço para que os outros riam?
Afinal do que é que nós rimos?



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